Etapas para leitura de receita


No dia a dia de uma farmácia, dentre vários desafios, o de “traduzir” as receitas médicas é um dos mais freqüentes. Tentar ler uma receita e aviar corretamente os medicamentos prescritos pode não acontecer, e dentre os muitos atendimentos alguns erros ocorrem.
No balcão de uma farmácia, errar não é humano, pois um erro pode levar uma pessoa a morte. Esta preocupação faz as farmácias investirem no treinamento técnico de seus funcionários.

A receita ser legível é Lei, e ela deveria ser legível também para o paciente. A obrigatoriedade de letra legível em receituários médicos no Brasil é datada de 1932. O Decreto 20.931/32, que regulamentou a profissão de médico, traz em seu artigo 15 a determinação de escrever as receitas por extenso e de maneira legível. A Lei 5.991 que data de 1973, reforça em seu artigo 35 que "somente será aviada a receita que estiver escrita à tinta, em vernáculo, por extenso e de modo legível".
Uma receita simples deveria conter: NOME DA INSTITUIÇÃO OU CLÍNICA; ENDEREÇO DA INSTITUIÇÃO OU CLÍNICA;
TELEFONE DA INSTITUIÇÃO OU CLÍNICA OU DO MÉDICO
NOME DO PACIENTE; ENDEREÇO DO PACIENTE; FORMA DE USO: (INTERNO OU EXTERNO); NOME DO MEDICAMENTO LEGÍVEL; CONCENTRAÇÃO (DOSAGEM); FORMA DE APRESENTAÇÃO;
QUANTIDADE PRESCRITA (NÚMERO DE CAIXAS); DOSE;
VIA DE ADMINISTRAÇÃO; PERÍODO (DIAS DE TRATAMENTO):
OBSERVAÇÕES QUANTO AO MEDICAMENTO; ASSINATURA DO MÉDICO; CARIMBO COM NÚMERO DO CONSELHO REGIONAL e
DATA.
A receita citada acima é um exemplar raro. O mais comum é aviarmos receitas apenas com o nome do hospital, nome do paciente, medicamento prescrito e carimbo com visto do médico.
Como não bastasse as receitas ilegíveis, os pacientes muitas vezes têm dificuldades de relatar o que o médico falou sobre o medicamento e sua saúde, pois a linguagem utilizada também dificulta a comunicação. Recentemente ouvi uma estória onde um cliente preocupado, perguntou a um atendente que doença era aquela que o médico tinha falava. O cliente falou - “O Doutor disse que é ÓBVIO, e que doença é essa ÓBVIO... mata!!!!”
A comunicação deve ser completa para garantir o tratamento, e a fala deve ser transcrita na forma de um receituário legível.
Para uma leitura de receita “complicada”, devemos ler a receita completa e observar os itens abaixo:
1- O nome do medicamento.
Você deve ler atentamente o nome do medicamento e para confirmar deve ler também os itens abaixo.

2- O modo de usar.
Dá para tirar muitas dúvidas no modo de usar, como por exemplo:

Tomar 10 gotas quando tiver dor.
Você sabe que o médico quer um medicamento em gotas e que serve para dor.

3- A especialidade do médico.
A especialidade do médico ajuda a decifrar muitas receitas, como por exemplo:

Cardiologista - sua especialidade é em doenças do coração.
Angiologista - sua especialidade são doenças de vasos e veias.
Endocrinologista - sua especialidade é em doenças de glândulas
(diabetes e outros).
Pediatra - sua especialidade é em doenças de crianças.
Ginecologista - sua especialidade é em doenças nos órgãos ginecológicos
feminino.
Urologista - sua especialidade é em doenças nos órgãos masculinos.

Você vai perceber que geralmente os médicos prescrevem medicamentos na sua especialidade, o que pode desempatar alguma dúvida na receita.


4- O nome do cliente, verificando o sexo (homem, mulher ou criança).

Você pode tirar muitas dúvidas na receita quando sabe o sexo. Existem muitos medicamentos que apenas as mulheres tomam (por exemplo, os anticoncepcionais), como outros que geralmente só homens tomam (medicamentos para próstata) e alguns com uso infantil. Verifique nas prateleiras alguns exemplos.

Se a dúvida persistir, consulte o farmacêutico e, se mesmo assim não conseguir, não “chute” o nome do medicamento. Verifique se a receita possui telefone do médico e ligue para confirmar o medicamento.
Se não for possível, oriente o cliente a voltar no médico. É melhor o cliente confirmar com o médico.
Com o tempo, a experiência vai ajudar você a decifrar as receitas com facilidade. O conhecimento dos medicamentos (classe terapêutica, modo de usar, forma farmacêutica, ....) ajudará você a entender melhor cada receita e evitar erros.
Para se assegurar do conhecimento que possui sobre os medicamentos que avia, faça uma pergunta para você: “ – Eu compraria um medicamento nas mãos de um atendente como eu? Sei as informações principais sobre os medicamentos que avio?”. Identifique suas dificuldades antes que elas possam influenciar de forma negativa o seu atendimento.
Para finalizar, não poderia deixar de mencionar a importância que os mais experientes da farmácia possuem. Um “atendente sênior” ou um “farmacêutico sênior” já traduziram muitas receitas e pessoalmente recorro a estes amigos quando me deparo com uma receita de caligrafia duvidosa.

Bom trabalho!!!
Dra. Giovanna Dimitrov
CRF SP 15.794
Consultora Farmacêutica
www.marcad.com.br

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